Por Régis Silotti, membro do COA-ES.

Com o intuito de divulgar a observação de aves no Estado do Espírito Santo, o Clube de Observadores de Aves do Espírito Santo (COA-ES) e a Associação Martinense de Observadores de Aves (AMOAVES) se juntaram para definir uma data comemorativa, alusiva à observação de aves, para ser festejada no Estado do Espírito Santo.

Inicialmente, houve uma discussão para definir-se o que iriamos comemorar: o “Dia do Observador de Aves” ou o “Dia da Observação de Aves”? Após debates, foi escolhido o Dia da Observação de Aves, pois contempla a atividade e não se restringe a um grupo especifico (os observadores de aves). Além do mais, o dia do Observador de Aves já é comemorado nacionalmente no dia 28 de abril, data em que Pero Vaz de Caminha realizou as primeiras observações de aves feitas em território brasileiro, em 1500, conforme consta em sua famosa carta ao rei de Portugal, onde dá notícias, dentre outras informações, da riqueza de nossa avifauna.

Observadores do COA-ES e AMOAVES em atividade. Foto: João Andrade.

Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios essas árvores; verdes uns, e pardos, outros, grandes e pequenos, de sorte que me parece que haverá muitos nesta terra. Todavia os que vi não seriam mais que nove ou dez, quando muito. Outras aves não vimos então, a não ser algumas pombas-seixeiras, e pareceram-me maiores bastante do que as de Portugal. Vários diziam que viram rolas, mas eu não as vi. Todavia segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infinitas espécies, não duvido que por esse sertão haja muitas aves!

Pero Vaz de Caminha

“Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil” - 1º de maio de 1500

Desta forma, a alusão ao Dia da Observação de Aves incentivará as pessoas a conhecer e praticar a observação de aves. Além disso, várias ações educativas em escolas e parceiros poderão ser realizadas para despertar a consciência ecológica na sociedade, em prol da preservação do meio ambiente e em especial das aves.

Passando para a escolha de uma data especifica, foi elaborada uma enquete virtual com os membros dos dois clubes para definir qual o dia a ser festejado como o Dia da Observação de Aves.

Recebidas várias sugestões de datas, três se destacaram e fizeram parte da pesquisa.

Segue abaixo os detalhamentos dessas datas e seus motivos, ressalvando que as datas deveriam ter, de algum modo, ligação com Estado do Espírito Santo.

Padre José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, santo da Igreja Católica e um dos fundadores das cidades brasileiras de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Beatificado em 1980 pelo Papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo Papa Francisco, é conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país.

Padre José de Anchieta com excepcional capacidade de observação, descreve na carta de São Vicente em 31 de maio de 1560, a Mata Atlântica que compunha ainda um maciço florestal de mais de 1.100.000 km², em perfeito equilíbrio com a Fauna e Flora do Brasil Colonial.

Ainda nesta carta, descreveu a ave guará. Muitos historiadores acreditam que a localidade da observação da ave foi Guarapari-ES. Outros afirmam que foi em São Vicente-SP. Em que pese a controvérsia, a importância do relato é um marco na observação de aves.

"Há ainda uma ave marinha, por nome guará (60), igual ao mergulhão, porém de pernas mais compridas, de pescoço igualmente alongado, de bico comprido e adunco; alimenta-se de caranguejos e é muito voraz. Passa por uma metamorfose, como que perpétua, pois na primeira idade cobre-se de penas brancas, que depois se transformam em côr de cinza, e, passado algum tempo tornam-se segunda vez brancas, de menos alvura todavia das da primeira; por fim ornam-se de uma côr purpúrea lindissima; estas penas são de grande estimação entre os Índios, que usam delas para enfeitar os cabelos e braços em suas festas."

Viveu no Espírito Santo em 1587, a partir de quando retirou-se para Reritiba (Anchieta-ES), e ainda teve de dirigir o Colégio dos Jesuítas em Vitória. Em 1595, obteve dispensa dessas funções e conseguiu retirar-se definitivamente para Reritiba, onde veio a falecer em 9 de junho de 1597, sendo sepultado em Vitória.

Príncipe Maximiliano de Wied estudou a flora, a fauna e as tribos indígenas no Brasil. Foi um naturalista, etnólogo e explorador alemão. Estivera no Espírito Santo, entre o final de 1815 e início de 1816, colecionando aves.

“Partindo da fazenda Muribeca, as margens do rio Itabapuana, ainda em terras cariocas, Maximiliano e sua comitiva partem rumo ao "desconhecido" território da Capitania do Espírito Santo, isso segundo as análises do relato, deu-se, aproximadamente, entre os dias 02 e 05 de novembro de 1815.”

Ao cruzar longitudinalmente a então província, através da região litorânea com destino a Bahia, Wied pode reunir os primeiros registros e dados ornitológicos. Seus resultados tornaram-se prontamente conhecidos na Europa com a publicação de suas obras (Wied 1820-21, 1830-33)

o   http://www.ao.com.br/ao99_6.htm

o   https://pt.wikipedia.org/wiki/Maximilian_zu_Wied-Neuwied

o   Viagens à Capitania do Espírito Santo: 200 anos das expedições científicas de Maximiliano de Wied-Neuwied e Auguste Saint-Hilaire/ Bruno César Nascimento. Serra: Editora Milfontes, 2018.

Augusto Ruschi foi cientista, advogado, professor, defensor das florestas, Patrono da Ecologia do Brasil. Esses e outros adjetivos e ocupações coloriram a vida do naturalista brasileiro Augusto Ruschi (1915-1986).

Nascido na cidade de Santa Teresa em 12 de dezembro de 1915, região centro-serrana do Espírito Santo, este descendente de imigrantes italianos católicos marcou de maneira indelével a história de seu estado natal e também a do Brasil, em especial por seus estudos sobre beija-flores e por sua sistemática militância em favor da natureza.

Em 1949, fundou o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão – uma homenagem a seu mestre e amigo, o zoólogo Cândido Firmino de Mello Leitão –, inaugurando, assim, o primeiro espaço institucional do estado dedicado aos estudos biológicos.

Sua notável contribuição para o ambientalismo e para as ciências, expressa em suas ações e em seus mais de 400 artigos e mais de 20 livros científicos, foi consagrada através do respeito que granjeou entre os estudiosos de sua época e de muitas homenagens que recebeu em vida e postumamente. Faleceu em 3 de junho de 1986. Em 1994, através de lei federal, foi-lhe concedido o título de Patrono da Ecologia no Brasil, sendo também um dos ícones mundiais da proteção ao meio ambiente. Além da homenagem ao ilustre capixaba, esta data está inserida na semana Meio Ambiente.

Data da assinatura da Carta de São Vicente, do Padre José de Anchieta, que dentre vários relatos da natureza, descreve a ave guará.

Padre José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, santo da Igreja Católica e um dos fundadores das cidades brasileiras de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Beatificado em 1980 pelo Papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo Papa Francisco, é conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país.

Padre José de Anchieta com excepcional capacidade de observação, descreve na carta de São Vicente em 31 de maio de 1560, a Mata Atlântica que compunha ainda um maciço florestal de mais de 1.100.000 km², em perfeito equilíbrio com a Fauna e Flora do Brasil Colonial.

Ainda nesta carta, descreveu a ave guará. Muitos historiadores acreditam que a localidade da observação da ave foi Guarapari-ES. Outros afirmam que foi em São Vicente-SP. Em que pese a controvérsia, a importância do relato é um marco na observação de aves.

"Há ainda uma ave marinha, por nome guará (60), igual ao mergulhão, porém de pernas mais compridas, de pescoço igualmente alongado, de bico comprido e adunco; alimenta-se de caranguejos e é muito voraz. Passa por uma metamorfose, como que perpétua, pois na primeira idade cobre-se de penas brancas, que depois se transformam em côr de cinza, e, passado algum tempo tornam-se segunda vez brancas, de menos alvura todavia das da primeira; por fim ornam-se de uma côr purpúrea lindissima; estas penas são de grande estimação entre os Índios, que usam delas para enfeitar os cabelos e braços em suas festas."

Viveu no Espírito Santo em 1587, a partir de quando retirou-se para Reritiba (Anchieta-ES), e ainda teve de dirigir o Colégio dos Jesuítas em Vitória. Em 1595, obteve dispensa dessas funções e conseguiu retirar-se definitivamente para Reritiba, onde veio a falecer em 9 de junho de 1597, sendo sepultado em Vitória.

Data da entrada do naturalista Príncipe Maximiliano de Wied em solo capixaba durante sua expedição pelo Brasil.

Príncipe Maximiliano de Wied estudou a flora, a fauna e as tribos indígenas no Brasil. Foi um naturalista, etnólogo e explorador alemão. Estivera no Espírito Santo, entre o final de 1815 e início de 1816, colecionando aves.

“Partindo da fazenda Muribeca, as margens do rio Itabapuana, ainda em terras cariocas, Maximiliano e sua comitiva partem rumo ao "desconhecido" território da Capitania do Espírito Santo, isso segundo as análises do relato, deu-se, aproximadamente, entre os dias 02 e 05 de novembro de 1815.”

Ao cruzar longitudinalmente a então província, através da região litorânea com destino a Bahia, Wied pode reunir os primeiros registros e dados ornitológicos. Seus resultados tornaram-se prontamente conhecidos na Europa com a publicação de suas obras (Wied 1820-21, 1830-33)

o   http://www.ao.com.br/ao99_6.htm

o   https://pt.wikipedia.org/wiki/Maximilian_zu_Wied-Neuwied

o   Viagens à Capitania do Espírito Santo: 200 anos das expedições científicas de Maximiliano de Wied-Neuwied e Auguste Saint-Hilaire/ Bruno César Nascimento. Serra: Editora Milfontes, 2018.

Data do falecimento do naturalista capixaba Augusto Ruschi.

Augusto Ruschi foi cientista, advogado, professor, defensor das florestas, Patrono da Ecologia do Brasil. Esses e outros adjetivos e ocupações coloriram a vida do naturalista brasileiro Augusto Ruschi (1915-1986).

Nascido na cidade de Santa Teresa em 12 de dezembro de 1915, região centro-serrana do Espírito Santo, este descendente de imigrantes italianos católicos marcou de maneira indelével a história de seu estado natal e também a do Brasil, em especial por seus estudos sobre beija-flores e por sua sistemática militância em favor da natureza.

Em 1949, fundou o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão – uma homenagem a seu mestre e amigo, o zoólogo Cândido Firmino de Mello Leitão –, inaugurando, assim, o primeiro espaço institucional do estado dedicado aos estudos biológicos.

Sua notável contribuição para o ambientalismo e para as ciências, expressa em suas ações e em seus mais de 400 artigos e mais de 20 livros científicos, foi consagrada através do respeito que granjeou entre os estudiosos de sua época e de muitas homenagens que recebeu em vida e postumamente. Faleceu em 3 de junho de 1986. Em 1994, através de lei federal, foi-lhe concedido o título de Patrono da Ecologia no Brasil, sendo também um dos ícones mundiais da proteção ao meio ambiente. Além da homenagem ao ilustre capixaba, esta data está inserida na semana Meio Ambiente.

Assim, a enquete foi veiculada nos dois clubes por 15 dias, para que todos os associados pudessem participar votando em uma das três datas.

Findado o prazo, com 83% dos votos, a data escolhida foi 3 de junho, data do falecimento do naturalista e ambientalista capixaba Augusto Ruschi.

Bairrismo à parte, a escolha da data presta uma homenagem ao Patrono da Ecologia no Brasil que realizou importantes estudos sobre aves e em especial aos beija-flores, sendo fonte de referência para todos os birdwatchers que queiram se aprofundar nos estudos das aves.

Além do mais, a referida data, por fazer parte da Semana do Meio Ambiente, poderá ensejar ações educativas de preservação de nosso meio ambiente, fazendo com que a atividade de observação de aves se encaixasse perfeitamente nesses planejamentos de sensibilização da sociedade para preservar as aves em liberdade, bem como de todo o ambiente em que estão inseridas.

Após o resultado da enquete, os representantes do COA-ES e AMOAVES apresentaram proposta do Dia Estadual da Observação de Aves ao nobre Deputado Estadual Marcos Garcia. Devido a sua atuação parlamentar nas questões ambientais e rurais, com participação direta nas comissões de Agricultura e de proteção ao Meio Ambiente e dos Animais, prontamente atendeu o pleito dos observadores de aves e formulou um projeto de lei para inserção da data no calendário oficial de eventos do Estado do Espírito Santo.

Cumpridos os trâmites legislativos, o Projeto de Lei se efetivou na Lei 11.264/2021, de 5 de maio de 2021, que alterou o Anexo Único da Lei 11.212/2020 e inseriu no calendário oficial do Estado o Dia Estadual da Observação de Aves.

Assim o Estado do Espírito Santo se junta aos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro na comemoração do dia de Observação de aves. No Estado de São Paulo o dia escolhido foi o 4º Domingo de Outubro, instituído pela Lei nº 16.108, de 13 de janeiro de 2016. No Estado do Rio de Janeiro a Lei nº 7475 de 26 de outubro de 2016 escolheu o dia 23 de setembro.

A data simbólica representa uma forma de valorizar a atividade de observação de aves livres, podendo ser praticada por qualquer pessoa e de qualquer idade.

A observação de aves ganha novos adeptos a cada dia e sua contribuição para a preservação do meio ambiente está na consciência ecológica gerada na sociedade por meios dos seus registros e na formação de dados científicos por meio da ciência cidadã.

Agora, vamos observar aves!!!

3 respostas

  1. Excelente matéria!
    Parabéns Régis, parabéns COA-ES e parabéns AMOAVES!
    E também a todos observadores de aves.

  2. Parabéns pela iniciativa e pelo sucesso na inclusão dessa data no nosso calendário. Agora é garantir para que ela não passe em branco, e que possamos realizar eventos de sensibilização ambiental para cumprir com o objetivo proposto. Aguardamos ansiosos pelo dia.

  3. Parabéns pela iniciativa, é muito bom quando a sociedade se organiza e protagoniza as mudanças em que acreditam.

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